segunda-feira, 13 de outubro de 2008


Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz.

De repente as coisas não precisam mais fazer sentido. Satisfaço-me em ser!!!!!!!!!!!!!

Hoje está um dia de nada. Hoje é zero hora. Existe por acaso um número que não é nada?


Eu sou o ponto antes do zero e do ponto final. Do zero ao infinito vou caminhando sem parar.

Mas ao mesmo tempo tudo é tão fugaz. Eu sempre fui e imediatamente não era mais.

O dia corre lá fora à toa e há abismos de silêncio em mim, a sombra de minha alma é o corpo.........

O corpo é a sombra de minha alma...........nem sei mais...


Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro.

Tempo para mim significa a desagregação da matéria...........

O apodrecimento do que é orgânico como se o tempo tivesse como um verme dentro de um fruto e fosse roubando a este fruto toda a sua polpa.

O tempo não existe..............................

O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nos translocamos...

O Tempo passa depressa demais e a vida é tão curta.....

Então – para que eu não seja engolida pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa – eu cultivo um certo tédio.............

Quero viver muitos minutos num só minuto..............num silêncio único.......


Eu queria escrever um livro. Mas onde estão as palavras? esgotaram-se os significados.


Tenho medo de escrever nesse momento........

É tão perigoso. Quem tentou, sabe.......

Perigo de mexer no que está oculto...........

Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste meu vazio....

Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou uma artista que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo........


"Escrever" existe por si mesmo?

Não...................................

É apenas o reflexo de uma coisa que pergunta.

Eu trabalho com o inesperado,escrevo como escrevo sem saber como e por quê - é por fatalidade de voz.

O meu timbre sou eu..........

Escrever é uma indagação,eu sei.......

Tenho que ter paciência.....................

Esperar....

Esperar.............

Esperar................A noite cai e eu ainda espero o medo passar.......

Talvez escreva ainda hoje,talvez não........

CANSEI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!